sábado, 22 de junho de 2013

O sumiço da caxirola



Durante meses a caxirola foi a estrela do espetáculo. O chocalho surgiu para carnavalizar a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de 2014 e foi notícia por todos os cantos. E, se tudo corresse bem, ela ganharia os holofotes e tornaria o futebol mais alegre para sempre, motivo de felicidade para a Fifa e para as empresas que produziram o instrumento idealizado pelo músico Carlinhos Brown.

Tudo caminhava de acordo com o planejado, e a Caxirola, feita para matar de inveja a vuvuzela da Copa da África, ganhou festas, aplausos, subiu em palanques e recebeu até elogios da presidente Dilma. E a estreia do chocalho - inspirado no caxixi, chocalho de palha trançada do berimbau - aconteceu na terra de Brown no jogo entre Bahia e Vitória no fim de abril.

Carlinhos Brown exibe as caçarolas
 

            Para colocar a caxirola na roda, foram distribuídas gratuitamente na Arena Fonte Nova, em Salvador, 50 mil exemplares da peça para a torcida. Era um aperitivo à espera de cofres parrudos no futuro. O Vitória ganhou o clássico baiano por 2 a 1, um mês depois de já ter humilhado o Bahia por 5 a 1. A galera do Bahia não gostou da história e começou a chacoalhar o plano.

 Insatisfeitos, os torcedores tricolores atiraram as caxirolas para o meio do campo. O tumulto aconteceu ainda no primeiro tempo. Para que a bola continuasse a rolar, os próprios jogadores do Bahia tiveram que se livrar dos chocalhos de plástico do campo de jogo. O que era uma sacada brilhante começou a incomodar os empreendedores.

A caxirola é um dos 1.500 produtos oficiais das Copas do Mundo e das Confederações. Sob licença da Fifa, o instrumento é produzido pela multinacional The Marketing Store em parceria com a Globo Marcas, companhia das Organizações Globo que detém o direito de distribuição de todos os produtos.


Jogadores do Bahia apanham os chocalhos


Os responsáveis pelas competições no Brasil, que enxergavam ouro na caxirola, passaram a matutar sobre o negócio, enquanto os empresários começaram a ter sonhos estranhos. Até que Hilário Medeiros, o chefe de segurança do Comitê Organizador Local (COL), anunciasse que não seria permitida a entrada da caxirolas nos estádios durante os jogos oficiais da Fifa. A decisão, segundo ele, foi tomada em conjunto pelo COL e pelo governo federal.

         O Ministério do Esporte, segundo o UOL, soltou uma nota para explicar o caso: as plavras de Hilários não haviam sido muito bem entendidas, não existia posição oficial do governo federal sobre o assunto e a Secretaria Especial de Segurança para Grandes Eventos (Sesge) só tinha uma avaliação preliminar que seria discutida em seguida com todos os envolvidos com a caxirola.

         Enquanto as notícias sobre a caxirola zanzavam em várias direções, os fabricantes informaram as autoridades do país e da Copa que uma nova versão do produto daria fim ao imbróglio. A caxirola agora seria mais leve, menos rígida e mais flexível; ou seja, seria uma peça mais amigável com os torcedores nos torneios da Fifa no Brasil.

         Mas o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, resolveu parar com a conversa. E vetou de vez as caxirola, a “vuvuzela brasileira”. Cardozo disse que houve uma análise técnica sobre segurança do instrumento e avaliou que ele não era objeto adequado para comparecer em estádios de futebol. Fim da novela. O sonho estranho dos empresários virou pesadelo. A fortuna da caxirola foi para o espaço.

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