quinta-feira, 27 de junho de 2013

Amarelinha (parte 5)



Futebol brasileiro perde brilho e agora corre para retomar a magia

Seleção derrota o “complexo de vira-latas”  
Havelanje escancara os olhos


Naquele ambiente violento e inseguro, os italianos começaram a se defender como podiam dos brasileiros enraivecidos com a afronta e com a possibilidade de os submarinos do Eixo surgirem na primeira esquina.
Assim, o Palestra Itália de São Paulo tornou-se Palmeiras. O Palestra Itália de Belo Horizonte transformou-se em Cruzeiro. O Goiás Esporte Clube, que estava pronto para alterar o nome para Palestra,  resolveu logo esquecer o assunto. E, na economia interna, João Havelange ficou conhecido como o brasileiro que se tornara dono da Cometa.


 
Exímio nadador – João Havelange fez parte da equipe brasileira nas Olimpíadas de Berlim, em 1936 – o advogado deu conta também de se embrenhar no universo esportivo. E foi cavando espaço na CBD, que respondia por 24 modalidades esportivas, entre elas o futebol, a única que havia se profissionalizado, em 1933.
Com o prestígio conquistado na natação e no pólo aquático, Havelange vestiu a camisa da “Chapa da Paz”, a chapa da oposição que disputaria o comando da CBD em 1953, e se mostrou um aguerrido cabo eleitoral.
Naquele tempo em que o brasileiro ainda amargava a derrota para o Uruguai na Copa do Maracanã, a “Chapa da Paz” vinha para destronar o homem que presidira a CBD naquela tragédia de 1950 e que por 12 anos ocupara a posição na confederação, o maior tempo até então como mandatário da CBD: Rivadávia Correia Meyer.



Rivadávia, o botafoguense que pretendia continuar dando as cartas do jogo, tinha Geraldo Starling como candidato à presidência, indicado pelo Atlético Mineiro. A chapa da oposição era encabeçada por Sylvio Pacheco, amigo de Havelange e indicado pelo América do Rio, e João Corrêa da Costa, do Vasco da Gama. E a fórmula de disputa normalmente adotada pela situação era contar com o apoio das confederações menos poderosas, para as quais foi tanto tempo generosa, e sair para o chopp da vitória nos restaurantes do Rio de Janeiro.
A “Chapa Branca” queria dar um basta na sequência de vitórias da situação e percebia que o esporte, principalmente o futebol, não era mais uma galinha morta no mundo do espetáculo. E coube a João Havelange e ao também carioca Abílio de Almeida, ex-diretor de Boxe do Andaraí Sport Clube, montar a estratégia para reverter aquele quadro.
O cabo eleitoral Havelange e seu parceiro seguiram então viagem pelo Brasil para angariar os votos das cerca de 100 confederações espalhadas pelos Estados, prática incomum nas eleições da CBD.
A campanha, orquestrada pelos novidadeiros, considerada absurda pela situação por não ter sustentação política, ficou por muito tempo como que tatuada na alma de Rivadávia. A chapa de Sylvio Pacheco saiu vencedora por seis votos de diferença, e o chopp da festa ficou com a turma da oposição.
Com a vitória da “Chapa da Paz”, Havelange tornou-se diretor de Esportes Aquáticos no ano seguinte, como havia sido combinado com as correntes políticas que organizaram o grupo opositor. Foi com o ingresso na CBD que Havelange passou a olhar com mais firmeza o universo do futebol.

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