sexta-feira, 26 de julho de 2013

Amarelinha (parte 9)




Futebol brasileiro perde brilho e corre para retomar a magia




Capítulo 1 - Seleção derrota o “complexo de vira-latas”



Seleção faz amistoso com Fiorentina antes da Copa



A comissão técnica da seleção brasileira ficou aliviada quando o médico Hilton Gosling deu sinal verde para que Pelé retirasse a montanha de gelos de cima do joelho e embarcasse no avião para a Europa, embora Pelé estivesse desconfiado de que o iceberg pudesse dar jeito no seu joelho e tenha chegado a pedir desligamento do grupo ainda no Brasil Mas Gosling garantiu que ele estaria recuperado para a Copa.


Na verdade Pelé não via a hora de vestir a camisa da seleção brasileira. Ele tinha só 17 anos, mas já tinha dado a arrancada no mundo do futebol quando ingressou no time do Santos e havia jogado com os cobras do futebol brasileiro. Atuou até no Maracanã. Foi uma vez só, mas entrar naquele gigante era a glória das glórias.



Pelé em 1958



A comissão técnica também respirou fundo quando o nome do ponta do Botafogo apareceu na lista dos 22 jogadores que iriam levantar voo para a Europa – a seleção faria dois amistosos na Itália antes de seguir para a Suécia com a lista final . Antes da viagem, Garrincha também não estava tão seguro. Havia certo temor com relação ao temperamento daquele sujeito que nos treinos preparatórios para a Copa seguia fazendo seus dribles como se estivesse empinando pipas em Pau Grande e a manter acesas suas insólitas brincadeiras.

Mesmo que infantis, suas piadas desconcertavam o interlocutor e levavam às gargalhadas os que insistiam em acompanhar suas pegadas. Machado de Carvalho conheceu essa faceta de perto quando a delegação já se encontrava na Europa, onde realizaria dois amistosos na Itália antes de seguir viagem para a Suécia com a lista final dos convocados.

O chefe da delegação era alvo predileto do ponta. Sem avisar, ele surgia de repente, armado do polegar e indicador, e dizia: "Doutor Paulo, teje preso". Logo depois, se desfazia do “revólver”, e prosseguia: "Teje solto". O teatro se estendia enquanto a vítima não pedisse trégua. De certa forma, as brincadeiras se assemelhavam aos dribles de Garrincha - o “teje preso” era sinal do pulo sobre a bola; o “teje solto” indicava tempo de descanso para o adversário antes de uma nova investida. Parecia a versão oral de seu jogo.


Machado de Carvalho e Pelé


A passagem pela Itália trazia em silêncio um episódio importante que determinara a permanência de Garrincha na seleção, pelo menos até aquele momento. No início de 1958, quando Garrincha ainda só cutucava a emoção do torcedor brasileiro, João Havelange escreveu uma carta tentadora para Julinho Botelho, ponta-direita que disputara a Copa de 1954 pelo Brasil.

Botelho, sim, era uma unanimidade. Só que o jogador tinha se transferido para a Fiorentina, da Itália, e na época não se convocava para a seleção um jogador que estivesse em outro país. Mas Havelange topava abrir uma exceção e até fizera um roteiro confortável para que Botelho embarcasse para a Suécia com a delegação braseira.

Ele não precisaria nem treinar no Brasil. Como os brasileiros teriam que passar pela Itália, como o contrato do jogador com a Fiorentina estava para terminar e como o Brasil inteiro adorava o jogador, bastava ele disputar aqueles amistosos pela seleção brasileira, entrar no avião e estava encerrado o assunto.

Para Julinho, o fato de estar no fim seu contrato com a Fiorentina não seria problema. A questão é que ele não achava justo ocupar uma vaga de alguém que atuava no futebol nacional. E assim terminou a conversa.

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