sexta-feira, 19 de julho de 2013

Amarelinha ( parte 8 )

Futebol brasileiro perde brilho e corre para retomar a magia




Capítulo 1 - Seleção derrota o “complexo de vira-latas”

Craques pegam avião na última hora



A história de Pelé e de Garrincha ficou por um fio naquela Copa de 1958. Além da avaliação “bomba” de Carvalhaes, Garrincha tinha como sombra o flamenguista Joel, um bom e disciplinado jogador, a quem Garrincha apelidara de Fom-fom por causa da gagueira.

O exame dos pés à cabeça, no caso do ponta do Botafogo, também causara furor na seleção. A bateria de testes significou verificar, entre outras coisas, como Mané Garrincha conseguia se sustentar em cima daquelas pernas tortas, fenômeno que atraiu toda a equipe médica da Santa Casa de Misericórdia, no Rio de Janeiro, no dia do check-up.




Garrincha


Além de valgo e varo - uma perna inclinada para fora, outra para dentro - o nosso ponta mais famoso tinha o olho direito fora de centro. O que para uns era um caso de curiosidade médica, para os marcadores de Garrincha, porém, era um tormento: as pernas não sinalizavam o caminho do drible e Garrincha olhava meio que de esguelha.

Quanto ao relatório de Carvalhaes, assim que vieram os primeiros pareceres do psicólogo com relação à “inteligência e equilibro psicológico” dos jogadores, a comissão técnica não viu aquilo como a bomba que o psicólogo imaginara e resolveu levar a risco o que fora escrito no plano de trabalho de Paulo Machado de Carvalho: os testes valeriam apenas para que a comissão técnica tivesse sinais da personalidade dos atletas e não teriam poder para excluir ninguém do grupo. Mesmo que o candidato fosse “atreta”, o jogo deveria continuar.




Paulo Machado de Carvalho e Pelé


Assim a lista da comissão técnica guardou lugar para os dois craques entre os 22 jogadores que tomariam o avião para a Suécia. Mas o jogo quase não continuou para Pelé. Em amistoso contra o Corinthians, a três dias do embarque - jogo que ajudaria a CBD levantar dinheiro para a viagem e estadia da delegação até que a Fifa fizesse o adiantamento aos 51 países participantes da Copa -, Ari Clemente, zagueiro corintiano, meteu o pé no joelho do craque santista, agressão violenta o suficiente para que Pelé previsse o adeus aos sonhos em gramados suecos.

O pontapé fez parte do clima que a seleção viveu no Pacaembu. Apesar de a equipe brasileira ter pela primeira vez um paulista como chefe da delegação, apesar de são-paulino, os corintianos estavam fulos por verem Luizinho, o Pequeno Polegar, o jogador mais querido do time, fora da convocação. E receberam e se despediram da seleção com vaias para serem ouvidas no Rio de Janeiro. O Brasil ganhou por 4 a 0, mas viu o seu menino esperar até o dia 30, data de inscrição dos 22 jogadores na Fifa, para que fosse confirmado no grupo.

A bola, nesse intervalo, ficou com o médico Hilton Gosling, um dos melhores do Rio de Janeiro e homem de confiança de Machado de Carvalho. Gosling esperaria até o último minuto para dar a palavra final sobre as condições físicas do jogador do Santos. Razões: Pelé vestira pela primeira vez a camisa de titular do time da Vila Belmiro em 1956, aos 15 anos, e, no ano seguinte, depois de assinar seu primeiro contrato como profissional, fora artilheiro do campeonato paulista com 18 golas, em 17 jogos. O médico tinha bons argumentos para colocar um iceberg sobre o joelho do menino.

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