Futebol brasileiro perde brilho e corre para retomar a magia
Capítulo 1 - Seleção derrota o “complexo de vira-latas”
Amistosos na Itália ajudam a pagar despesas da CBD
Além de contribuir para o entrosamento da seleção brasileira, os amistosos na Itália contra a Fiorentina e Internazionale serviam para tapar buracos nas contas da CBD. Com os cachês pelos dois jogos de 30 mil dólares, o time não teria que passar o chapéu nas esquinas das cidades suecas, já que a Fifa demoraria mais um pouco para depositar os recursos para as primeiras despesas da delegação.
No primeiro jogo contra a Fiorentina, não se sabe se Garrincha havia notado que na ponta-direita do time adversário estava Julinho, o brasileiro que recebera a tal carta de Havelange em que o convidava para ingressar na seleção. A imprensa brasileira, mesmo sem saber da carta, aplaudia o gesto de Havelange e garantia ser ele o único sujeito capaz de vestir a camisa sete da seleção brasileira. Se Garrincha não percebeu a presença de Julinho Botelho, o atacante da Fiorentina com certeza ficou com a imagem do gol de Garrincha grudada na memória.
Julinho na seleção brasileira - primeiro à esquerda |
Aos 30 minutos do segundo tempo, de acordo com relato de Ruy Castro no livro Estrela Solitária – um brasileiro chamado Garrincha, quando a seleção brasileira já ganhava por três a zero, o ponta brasileiro resolveu apimentar o jogo. Robotti, o marcador de Garrincha, foi o primeiro italiano a perceber mais de perto a magia daquelas pernas tortas. Em seguida, veio a patrulha de ajuda: Magnini e Carvato. E os dois foram driblados.
Por fim, apareceu o goleiro Sarti, que deixou a meta para conter com braços e pernas o entusiasmo do brasileiro. Garrincha fez mais uma finta e se viu na cara de um gol vazio. Bastava um assopro na bola para terminar a jogada. Mas ele esperou Robotti chegar. Robotti era o marcador de Garrincha, foi o primeiro a ser driblado na farra de Garrincha e estava chegando como um foguete para evitar o gol. Um drible de corpo fez com que o italiano tivesse que se agarrar na trave. Depois foi entrar no gol, apanhar a bola e caminhar para o centro do campo.
Garrincha |
Garrincha estranhou a ausência dos abraços dos companheiros e os gritos enfurecidos endereçados a ele. O conteúdo revelava a indignação dos jogadores com uma brincadeira de mau gosto às vésperas da Copa da Suécia. No vestiário, Carlos Nascimento, supervisor da delegação, resumiu a história: “Foi uma Molecagem”. Garrincha só escutou a bronca.
Logicamente, Paulo Machado de Carvalho estava também encafifado com Garrincha e com os cochichos da comissão técnica. O temor era de que aquele Garrincha brincalhão surgisse durante a Copa e pudesse colocar a seleção brasileira fora da competição. Mas foram cochichos pós-jogo, e todos retomaram o olhar de satisfação com o desempenho do atacante do Botafogo. Eles sabiam o que os dribles de Garrincha poderiam fazer na Copa.
Nelson Rodrigues e Mário Filho |
Se Machado de Carvalho se mostrava paciente com Garrincha, o mesmo não acontecia com a imprensa em relação à sua equipe de trabalho. No Jornal dos Sports, do Rio de Janeiro, Mario Filho não se cansava de torpedear as “invencionices” dos condutores da seleção. Ademar Pimenta, técnico da seleção de 1938, batia na mesma tecla em seus comentários na Rádio Mauá, também do Rio. Em São Paulo, Geraldo Bretas, comentarista da Rádio Tupi, prometia solenemente nunca mais comentar futebol se o Brasil voltasse campeão.
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