sábado, 17 de agosto de 2013

Amarelinha ( parte 12)



Futebol brasileiro perde brilho e corre para retomar a magia


Capítulo 1 - Seleção derrota o “complexo de vira-latas”



Âncora no pescoço


A seleção brasileira que estava em terceiro lugar na bolsa de aposta de Londres era conhecida das seleções adversárias pela qualidade de seus jogadores, pelo imprevisível que eles apresentavam em campo e pela alegria do jogo que não deixava o espectador dar sequer um cochilo na arquibancada. Mas as outras seleções também sabiam que o futebol brasileiro era sempre driblado nas horas decisivas.


Foi assim na Copa de 1938, na França, em que o Brasil ficou em terceiro lugar e Leônidas foi o artilheiro com sete gols; aconteceu assim em 1950, no Brasil, num Maracanã tomado por 200 mil pessoas à beira de um ataque de nervos; e se repetiu em 1954, na Suíça, em que a seleção chegou em quinto lugar . Ou seja, a seleção brasileira era conhecida por carregar uma âncora amarrada no pescoço na hora H, o que o escritor Nelson Rodrigues batizou de complexo de vira-lata.



Pelé em 1958



O que os adversários desconheciam é que aquela seleção brasileira poderia perder por situações imprevistas do jogo, pelas muitas possibilidades de em um esporte competitivo, mas agora não por falhas na organização e preparação da equipe, o que se mostrara evidente nas copas anteriores.

A delegação brasileira foi armada com extremo cuidado para a competição da Suécia. O presidente da confederação, João Havelange, escolhera seu vice, Paulo Machado de Carvalho, para a chefia da delegação. Além de dirigente do São Paulo Futebol Clube, Machado de Carvalho era um empreendedor de sucesso e queria seriedade na organização, nada de os cartolas irem às compras enquanto os jogadores corriam atrás da bola.

A comissão havia sido formada pelo supervisor Carlos Nascimento, um homem que apresentava o sentido de ordem desde criancinha; pelo médico Hilton Gosling, um profissional inquestionável no Rio de Janeiro; pelo preparador físico Paulo Amaral, que cuidava do condicionamento do Botafogo; e pelo tesoureiro Adolpho Marques, que chegara à delegação brasileira com o carimbo do Fluminense.



Vicente Feola


Quanto ao técnico, o histórico da seleção brasileira apontava para alguém com uma língua suficientemente poderosa para mandar e desmandar no mundo da bola. Mas a CBD anunciou o escolhido só em março, indicação que criou um mal estar sem tamanho na imprensa e opinião pública: Vicente Ítalo Feola, 48 anos, supervisor do São Paulo.

Feola era um conhecedor do esporte, mas não era nem técnico do São Paulo. O técnico era o húngaro Bela Gutman, campeão paulista pelo São Paulo de 1957. Por que a seleção escolhera um técnico tão apagado num país que apostava em Fleitas Solich, em Flávio Costa e em outros treinadores que eram aplaudidos até quando tossiam?

Solich tinha um defeito grave: era paraguaio. Mais: o Paraguai também estava na Copa de 1958. Com o esvaziamento das apostas em Solich, a alternativa Flávio Costa tornou-se quase certa. Como descreveu Ruy Castro no livro Estrela Solitária – um brasileiro chamado Garrincha, Flávio estava tão convicto de que seria o treinador da seleção brasileira que, no final de fevereiro, chamou a imprensa para um coquetel em seu apartamento no Morro da Viúva, no Rio de Janeiro. Pôs uísque e canapés na roda de repórteres e posou para fotografias. E os jornais deram jeito de suprimir suas fotos quando março chegou com a notícia de que Feola era o cara.



Seleção de 1958


Paulo Machado de Carvalho decidira desde o começo da preparação da equipe que queria levar um grupo de jogadores na Suécia que não ficasse refém apenas por uma voz. E Vicente Feola era um sujeito com o esse perfil, o técnico que falava e ouvia.

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