O futebol viverá uma revolução quando um técnico revelar que colocou o jogador tal ou que resolveu usar um esquema diferente por seguir os conselhos do jogador tal. Seria a queda da empáfia de certos treinadores e um respeito ao atleta que fica sempre de escanteio na hora de se falar das virtudes de um time vencedor. Porque isso, na verdade, já acontece e sempre aconteceu em campo, mas o “professor” fica mudo na hora de reconhecer a ajuda.
Hoje, se por acaso caísse dos céus um treinador de futebol que se permitisse escutar os jogadores ao montar um time; ou, melhor, que pelo menos admitisse isso - o trabalho em conjunto ao esquematizar o esquema de jogo -, a bola rolaria com maior sabedoria. Assim como já rolou em tempos em que os atletas desconheciam a expressão “quem manda é o professor”.
Os professores atuais logicamente escutam os jogadores. Mas não deixam claro para os jogadores e para a mídia que levaram em conta a opinião dos atletas para escalar ou esquematizar o time. Eles, os treinadores, é que sabem os segredos da bola. Pensam, rabiscam em pranchetas e berram com os caras que lidam diretamente com a pelota para que cumpram os ensinamentos dos caminhos mais curtos para se chegar ao gol.
Afinal, se eles confessam que abriram os ouvidos para os jogadores, colocariam em cheque o entendimento de que orientar aqueles homens no gramado seria uma tarefa exclusiva do professor. E, por que não, teriam que dar um percentual de seus salários graúdos para os sujeitos da chuteira amaciada que abriram a boca sem querer crescer, só o fizeram para azeitar o jogo do grupo. Claro, é uma tese brincalhona e há exceções entre atletas e treinadores, mas no geral, oficialmente, a palavra final é do “doutor”, o único cara que domina o comportamento da bola entre as quatro linhas.