quinta-feira, 12 de dezembro de 2013
Bola de capotão entra em campo (1)
A bola de futebol, esta que invadiu o planeta para dar vez ao esporte, era conhecida até meados do século passado como bola de capotão. E todo sapateiro, além de cuidar de sapatos, ampliava o ofício consertando essas bolas de couro inicialmente importadas e costuradas à mão -antes que a câmara de ar arredondasse o produto, a bola do início do século XIX era feita com a bexiga de boi.
Depois, com a câmara inflável de borracha, foi uma festa - principalmente para o boi. As bolas tinham uma abertura por onde entrava a câmara. Para fechar a abertura, era usado um cadarço que ficava amarrado para o lado de fora. Era um avanço, mas muitos jogadores se contundiam nas cabeçadas. Até que alguém resolveu entrar em campo de touquinha. Foi o achado da hora.
Ser craque na época tinha lá suas complicações. A bola de couro curtido, que surgiu por volta de 1935 -além de continuar pedindo as touquinhas-, sempre deformava. E os jogadores mais franzinos entravam em parafuso quando começava a chover. Na água, o peso da bola dobrava. O chute que era para ser um canhão muitas vezes se transformava em peteleco.
Mas era a glória para qualquer time de várzea quando a bola de capotão entrava em campo. Até que viesse a próxima partida, os praticantes cuidavam da pelota com muito sebo para conservar o couro. Não que fosse ficar uma esfera perfeita, o que não era, mas para ser a estrela de um espetáculo em que os Pelés da vida davam jeito de embelezar.
A eliminação da costura externa, em 1958, fez aumentar a precisão dos chutes. Era o que faltava para os brasileiros, especialmente Didi, craque da seleção brasileira que batia na bola como poucos e inventou a “folha seca”-chute em que a bola ganhava altura e inesperadamente caía no gol. Com a bola sem a costura externa, o Brasil conquistaria naquele ano sua primeira Copa do Mundo.
Mas os caminhos da bola não terminariam aí. Este é só o primeiro capítulo de uma grande história.
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